TRÁFICO DE DROGAS E HOMICÍDIOS DE MULHERES NO BRASIL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Anne Kelly Barbosa da Silva
Universidade Federal da Paraíba

Ellen Nunes Rodrigues Soares
Universidade Federal da Paraíba

Maria Larissa Queiroz Gerônimo Leite
Universidade Federal da Paraíba

Maria Viviane Oliveira da Silva
Universidade Federal da Paraíba

Nelson Gomes de Sant’Ana e Silva Junior
Universidade Federal da Paraíba

Rebecka Wanderley Tannuss
Universidade Federal da Paraíba

Resumen

A «»guerra às drogas»» instituída no Brasil consiste em uma política de mortes disfarçada de política de segurança pública e de combate ao crime, que acarreta não apenas o aumento da população carcerária, mas sobretudo o genocídio da população negra, pobre e jovem. Nas últimas décadas, essa política tem atingido contundentemente a população feminina. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho é analisar as relações entre homicídios de mulheres e tráfico de drogas no Brasil. Para tanto, em um primeiro momento, utilizou-se o método de revisão sistemática da literatura, que se pautou na análise de artigos obtidos a partir de buscas sistematizadas nas bases de dados Pepsic, Portal de Periódicos Capes, Scielo e Scopus, obtendo-se 3 materiais selecionados. Diante dessa insuficiência quantitativa, foi necessário complementar a busca em anais de eventos e no Google Acadêmico, totalizando 19 resultados. Os materiais analisados apontam que, majoritariamente, as mulheres inseridas no tráfico de drogas são negras e pobres, possuem baixa escolaridade, são mães solo e/ou chefes de família, encontram-se marginalizadas socialmente e buscam no tráfico formas de subsistência, submetendo-se a trabalhos precários e mal remunerados. Assim, ficam expostas a vulnerabilidades relacionadas a questões de gênero e aos papéis precarizados que desempenham na estrutura do tráfico, o que as torna um alvo fácil de uma política de drogas repressiva, perversa, racista e machista. Destarte, essas mulheres ficam suscetíveis à violência reproduzida tanto pela ação policial quanto pela própria configuração do tráfico, o que as expõe à morte. Portanto, conclui-se que a guerra às drogas tem atingido a população feminina de uma forma muito específica e violenta, culminando, muitas vezes, no seu homicídio, visto que se trata do elo mais fraco dentro da estrutura do tráfico de drogas.

Palabras claves: Tráfico de drogas; Gênero; Mulheres; Vulnerabilidades; Homicídios.